No textos que eu li (e ouvi) de hoje partilhamos um texto declamado no Fronteiras XXI – Demências: Conseguimos preveni-las? da Fundação Francisco Manuel dos Santos, transmitida a 14 de abril de 2021.

Os excertos lidos, deste poema (de amor?) de Sylvia Plath, transmitiram-nos o que se poderá passar “dentro” de uma pessoa com demência, as perdas sentidas, e como um dos versos diz “Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome”.
Esperamos que gostem!
Canção de Amor da Jovem Louca
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer (Acho que te criei no interior da minha mente) Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis, Entra a galope a arbitrária escuridão: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama, Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade. (Acho que te criei no interior de minha mente) Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno: Retiram-se os serafins e os homens de Satã: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Imaginei que voltarias como prometeste Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome. (Acho que te criei no interior de minha mente) Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro: (Acho que te criei no interior de minha mente.)
Sylvia Plath in A Redoma de Cristal. Rio de Janeiro: Editora Artenova, 1971, p. 255.